6.11.2005

A volta dos que não foram.. ou Ctrl, Alt e Del: Controle + Alteridade = Deleite? Parte 2

“Será que eu sei? Que você é mesmo tudo aquilo que me faltava?” (Nando Reis)

Então no filme as pessoas podiam apagar lembranças de suas vidas, completamente, qualquer rastro da existência da pessoa que tanto mal te fez. E isso me trouxe uma inquietação, quem eu apagaria da minha vida?

Não gosto de me utilizar clichês, como um dos mais batidos: Me arrependo só do que não fiz. Aqui ó pra quem diz isso, bullshit! Arrependo-me de muitas coisas que fiz sim, só não penso que bom que seria se eu pudesse voltar e arrumar aquilo pq sei que é impossível, então é sofrer a toa, é um mecanismo eficaz, quase sempre. Todavia, há situações em que o que nos magoa não são atos nossos e sim relacionados a nós, que não podemos evitar (Não podemos? Tem certeza?) vindos de outra pessoa. Então toda vez que tu vê ou pensa nessa pessoa tu tem aquela lembrança ruim, a associação é direta e a dor é quase palpável.

Isso se chama frustração, é o que levaria pessoas a apagarem outras de sua vida.

Só que a frustração vêm geralmente de uma expectativa exacerbada de algum objeto de desejo (para mais informações leia o post abaixo). Tá, e como essa esperança pode penetrar em pessoas tão bem informadas e preparadas (ui!)? O nome dessa condição é carência, que funciona como a Aids na nossa estrutura psíquica, sozinha não faz nada, porém, te deixa com a resistência lá embaixo para fatos que poderiam ser corriqueiros se tu estivesse num estado “normal”. Aí aquele pagode meloso vira a enésima sinfonia de Bethoven, aquela comédia romântica merece o Oscar, e aquela paixonite tão boba toma contornos de um grande amor.

Então o investimento afetivo que é feito em alguém pode não corresponder ao que você esteja sentindo, e sim ao que você queria sentir, por aquela pessoa, ou por qualquer uma. É a desgraça da carência...
“Será que eu sei? Que você é mesmo tudo aquilo que me faltava?”

Quando nos responsabilizamos por nossos atos, pensamentos e sentimentos, estamos dando um grande passo para ficar com alguém pelo que essa pessoa é, e não pelo que você quer que ela seja. Dói no início, no meio e no fim. Mas te dá as rédeas da tua vida, e te faz apostar todas as fichas no melhor cavalo que tu deve conhecer, a ti mesmo (Marques 8.2005)

"Não há caminho novo. O que há de novo é o jeito de caminhar". (Thiago de Melo)

Só que assim aquela maquininha do filme é desnecessária. Afinal a culpa sempre será tua.
E agora mister M? – "Apaga-te" a ti mesmo!?


* Agradecimentos a Vitor eDEgar, o mais doente que eu, nos links a direita, na vida eu não sei. Pela indicação de “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”.
** E a todas as gurias que eu amei, ou quis amar ou achei que amava. Na hora não fazia diferença
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6.05.2005

Ctrl, Alt e Del: Controle + Alteridade* = Deleite**?

“His palms are sweaty, knees weak, arms are heavy. There is vomit on his sweater already. Moms forgettin' he's nervous But on the surface he looks calm and readyTo drops bombs, but he keeps on forgetting What he wrote down, the whole crowd goes so loud He opens his mouth but the words won't come out. He's choking, how? Everybody's jokin' now The clock's run out, time's up, over BLOW!”
Eminem – Lose Yourself
Uma vez vi na TV o Jorge Fernando, aquele diretor locão da Globo. O Serginho perguntou a ele qual era o maior mal da existência. Para minha surpresa (eu esperava que ele respondesse algo como pobreza, falta de educação, drogas.. uma dessas respostas sociais) ele responde que é a ansiedade. E explica-se dizendo que ela é terrível, pois ela se resume uma expectativa exagerada relacionada a algo que está para acontecer (ou pelo menos que achamos que vai). Ela é sempre desproporcional, pois chega a hora dessa coisa acontecer, ou ela passa, e vemos que fizemos a famosa tempestade num copo d´água.

Não que não deva existir sempre uma ansiedade, baixa né, pois como disse o tio Bléguer, é ela que muitas vezes nos desperta a curiosidade, aquela vontade que gera uma ação. Contudo as pessoas andam ansiosas em demasia. E invés de utilizar essa ansiedade como o gatilho para agir deixam ela crescer tanto, a cultivam tanto, que ficam embebidas nas suas hipóteses internas, do que cada passo seu vai modificar o futuro, que aquilo vai aumentando, aumentando e, e.. e........ Blow, mesmo, nada. Não se faz nada e o tempo passou. Você perdeu sua chance e outro chegou no seu lugar, afinal “oportunidades não são perdidas, a que você desperdiçou será utilizada por alguém”. E cada vez que aquela situação se repetir ela parecerá mais difícil, até se tornar um tabu.

A ansiedade é realmente uma vilã, e deve ser confrontada até sua extinção..
Esse é meu (meio pobre é verdade) recado para todo mundo que ler este post, segunda- feira - e na real todos os outros dias - é o dia de começar tudo de novo, de fazer trabalhos, tentar novidades e a ansiedade deve surgir. Então “pra cima deles Carlitos” que essa é muitas vezes a diferença entre o “mesmo que todo mundo” e o diferenciado, a exceção, o destaque.

Seja o brother travado para trovar gurias na noite de sábado, seja o Maurinho atucanado falando rápido na abertura da mesa-redonda de sexta ou seja ou Robinho de titular da seleção com 21 anos “na responsa”.

O mundo é dividido em os que realmente fazem algo e os que se perdem em si mesmos.

Pedaaaaaaaaaaaaaaaaaala Robinho! Ah! Muleque!

*Alteridade: do Lat. alteritate, diferença, diversidade; s. f., Filos., facto ou estado de ser um outro (por oposição a identidade); qualidade do que é outro ou de uma coisa diferir de outra

**Deleite: gosto íntimo e suave, delícia, voluptuosidade, regalo.