4.30.2009

Tudo que vai

Quando eu disse a ela Que o amor passou
A cidade levemente Flutuou
Ondas amarelas Na Contorno cheia
A cidade simplesmente Me odeia

Skank – Eu disse a ela

Música soando por toda a casa, escolhidas “ao azar” - ou pelo seu DJ favorito, o Alê, aleatório, como sempre brincava – músicas de todos estilos e épocas, ouvidas enquanto fazia outras coisas, pequenas burocracias do dia-a-dia. Até que foi invadido por implacável lembrança.. aquele que fora um de seus primeiros, e até a sua época, e umas posteriores, mais forte e devastador amor.

Com certa graça recordou da escola da adolescência, dos colegas (qual era o apelido daquela professora de matemática mesmo?) e de como ficava ansioso com a chegada do recreio, e não era para jogar nas regras do pátio – maiores expulsam menores, ou “5 minutos ou 2 gols” – e sim o momento de encontrá-la. Ela, curiosa, de aparelho nos dentes, jeito moleca e moleton da educação física, ele com espinhas e inseguranças, além de um tênis legal.

Se beijavam, e a cada beijo ele pensava o que devia fazer com a língua, com as mãos e o que falar nos intervalos dos beijos, nunca foi muito bom com aqueles segundos em que o beijo está acabando, se tentava engatar uma nova seqüência, fazer um carinho, um gracejo frente aos olhos que pareciam pedir algo, ou falar alguma coisa legal – que invariavelmente eram queixas de alguma matéria. Com 14 anos estava longe de trabalhar com o silêncio, hoje ria da inocência de outrora pois nunca valorizara tanto um beijo como antes.

Surpreso deu-se em conta que até o cheiro dela invadiu sua mente, seus sentidos. Dias de amor – ou aquele formato mínimo juvenil chamado de ficada – seguidos de semanas de sofrimento e de meses de uma dor completamente nova e desconfortável

Lembrou que tinha que cruzar com sua Julieta seguidas vezes nos tempos posteriores, cada vez menos incômoda e um pouco menos atrativa presença.

E repetiu mais algumas vezes a música disparadora de tantas reminiscências. Insistentemente. Não se sabe por qual matiz de tantas, porém voltava a escutar os acordes da velha canção tentando sentir, desencavar, décimos de segundos, um grama que fosse, um pedaço qualquer do que sentira.

E há quem faça força para esquecer

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