3.12.2005

Longe Demais ou Who do you really know

"Cada um escolhe suas mentiras" (Mano, 2004).
Uma das mais geniais frases ditas quase sem querer.

Hello Stranger! Assim começa Closer, um filme que fala sobre relacionamentos, sobre egoísmo, prazer, culpa, mentiras e verdades. Muita gente não gostou, muitas pessoas gostaram, ele não ganhou o Oscar, but, who really cares??? Continua sendo genial um filme com 6 (sim 6 atores!) sendo 4 principais mais 2 que não aparecem nem por 20 segundos, somados. Reduzindo ao mínimo denominador cada personagem chegaríamos a um homem que é só instinto, outro que é um romântico e só quer fazer as coisas certas, e aí está seu maior defeito, uma mulher sensível demais que sente culpa de tudo e outra sensível e dissimulada demais que também tem muita culpa só que com jogo de cintura. Continua genial mostrar que a utópica verdade nos relacionamentos não nos faz mais feliz.
Até sua metade (principalmente) o filme retrata estranhos, e eu me perguntei, quem não é estranho?

Quem conhecemos?

Who do you know? Não, não é coincidência, é o Orkut, de novo. A pergunta na tela de abertura mais me parece um eufemismo (e disso o filme e site estão cheios) do que uma afirmação. Entretanto, não, não escrevo para falar diretamente sobre o orkut. Quero falar de pessoas, e não é de pessoas que o Orkut fala. Ele mais me lembra um álbum de figurinhas daqueles do campeonato brasileiro que colecionei no final da década de 80. Uma foto (bonita, no mínimo simpática, por favor) um nome (ou melhor, um apelido que você goste) e dados escolhidos para você parecer “melhor”. A altura do goleiro podia aumentar, e não importa se o técnico te colocava na lateral ou no banco, se você quisesse aparecer como meio-campo no álbum, beleza!
No orkut, como no álbum, Temos as fotinhos que você quer, e/ou recebe. Você pode até ter a preferida, mesmo que a figurinha nunca saiba disso. Além disso, muitas pessoas trocam as suas figurinhas sem nem conhecer bem quem esta ali (ah! vale lembrar que o álbum NUNCA, mas nunca se completava). Daí você tem um monte de fotos, em que, por exemplo, se pode aparecer com o peito grande dependendo da luz e da sua forma (tanto mulher quanto homem!) e comunidades que moldam o perfil no qual você quer ser visto, bem melhor do que fazer isso com sua Barbie ou Comandos quando era pequeno, ou ainda com o The Sims no computador. Você cria um personagem completo de você mesmo. Ótimo, não?

Contudo, não esconde (ou talvez até esconda) algumas verdades por muito tempo, vivemos de mentiras afinal. “Porque não mentiu para mim? / Porque combinamos sempre contar a verdade um para o outro. /”.O que tem de tão fabuloso sobre a verdade? Tente mentir para variar, esse é o costume normal do mundo //" Esse é um dos diálogos do filme...
Na vida real não é diferente, pedimos a verdade, mas "mentiras sinceras nos interessam".
Com quantas pessoas com defeitos que muitas vezes parecem insuportáveis e qualidades incríveis convivemos? Incluindo seus pais, irmãos, namorados e amigos. "She's completely lovable and completely unleavable." “Ela é completamente amável e completamente “indeixável” diria uma tradução tosca e limitadíssima.
Afinal, quantas vezes já ouvimos: Eu gosto de cerveja só não curto a parte amarga. Ou nos restaurantes: é superchique tomar vinho com água, um gole de cada para amenizar o gosto. Com o tempo a gente se acostuma, com a amargura das bebidas, dos defeitos e da vida. Mas tem dias que a gente cansa do mesmo amargor e troca a garrafa. E isso nunca tornou as coisas mais fáceis. Ficar com a parte boa de tudo, todos e nós mesmos é fácil, mas nunca foi assim que funcionou. Mas mentiras sempre aparecem, mas problemas sempre aparecem, e nunca foi a isso que o amor foi condicionado, a posse sim, talvez. E os fatos seguem se repetindo, independente da relação, hetero, homo, namoro, casamento ou amizade. Cada um é uma ilha de expectativas e decepções.

"And so it is / E então é isso - Just like you said it would be / Justo como você disse que seria"
O "eu avisei" nunca tornou as coisas menos doloridas.
Então...
O quanto você amaria alguém?
O quanto você perdoaria alguém?
Pelo que você perdoaria alguém?
Você quer a verdade?
Você agüentaria a verdade?

E agora: Quem você conhece? (Who do you know?)?

6 comentários:

Anônimo disse...

Guri. Gostei mesmo. Acho que é o melhor texto até agora. Tua volta promete!

E.. bah.. saí do filme sem palavras, tanta coisa tava ali.

E.. orkut.. bem isso.

Maurinho disse...

testeeeeeee

Anônimo disse...

Grande Natalie Portman... a eterna senadora/rainha Amidala do Star Wars, mãe da Léa e do Luke...
Sobre o filme, gostei mto do texto do Calligaris, da entrevista do Jerusalynski (sei lá como se escreve) e do post do Maurinho!!!! Dá-lhe!!!

Carol Disegna disse...

que amado. eu ainda nao tinha visto os links ali do lado. muito boa idéia! hehehe.. beijoca!

Anônimo disse...

Bom texto mesmo loko... soh q mt longo, nem me lembro mais os pontos q eu queria comentar.
mas assim, não posso deixar de mencionar a PERFEICAO do paragrafo onde tu falas das bebidas e tal ( show d bola)

ahn... eu completava os albuns viu, huheuheueh... tbm era tanta figurinha q eu fazia pilhas de repetidas... heuhueh
abraço

Unknown disse...

o texto é bom... mas sem tirar os méritos, vejo que você amadureceu como escritor!