4.27.2005

Pra onde vai o sol, quando a noite cai?

Sing with me. Sing for the year. Sing for the laughter, sing for the tear.
Sing it with me. Just for today! Maybe tomorrow, the good Lord will take you away...
Eminem – Sing for the moment

Não é a ordem natural. Um pai não deveria enterrar seus filhos.
Clipe de Hold On (Good Charlotte)

Minha mãe sempre diz que a única coisa para qual não há solução é a morte. Já eu digo que ela é a única certeza que tu pode ter na vida. O pessoal (principalmente o Alemão Carvalho) sabe de como eu não gosto de certezas, pois elas sempre são falsas, exceto essa. Eis que hoje aconteceu novamente, pela terceira vez num espaço menor que dois anos, um amigo meu morre.

E não era um conhecido qualquer, e muito menos uma pessoa que eu não fazia questão de ver, ou atravessaria a rua quando visse se estivesse num mal dia. Pelo contrário, qualquer um dos três eu sempre que via podia oferecer um sorriso sincero, um abraço forte, e quando falasse: bom te ver! Era do coração. Primeiro a Carol, depois o Rodrigo Lima e agora o Tavares, o Tavarengo. Todos na faixa de 20 anos.

Não tem muito o que dizer, que ele jogava futebol comigo, que eu levei ele pro forró do manara e o mulek viciou, dava show, ele dava balão nos funcionários, já dormiu aqui em casa e era no mínimo hilário. E uma das últimas vezes que o vi eu estava andando na Goethe e vi um Neguinho de Canguru gritando de dentro de um carro “Fala pequeno meu bruxo!” esse era ele. A uns dois meses ele me mando um scrap só para perguntar como eu estava e fim. Fim? Eu já falei não sei se Deus existe, mas eu gosto de acreditar que sim.

De qualquer forma episódios como esse servem para não nos esquecermos da finitude de nossas vidas, que a gente não vem com data de vencimento. E como li em algum lugar: “Só há dois dias em que a gente não pode mudar as coisas: ontem e hoje”. Mais importante do que construir um futuro é curtir o presente. “Não deixe que na sua vida o dia seja sempre igual”

Finalizando, deixo uma parte da música que aprendi a curtir por causa dele e do Finger. O “engraçado” é que domingi, depois de mais de um ano, eu ouvi essa música, talvez no dia em que meu brother se elevou aos céus. É simplesmente um dos reggaes mais lindos que existem, essa talvez tenha sido a maior contribuição do Tavarengo para minha vida:

“...Deixa ser,
Que tudo ao natural vai acontecer.
Podes crer.
O sopro da vida nunca vai morrer.
Mesmo que o tempo trás.
E o mundo faz.
Ficar tão longe.
Se não podes compreender.
Ao menos tente ver.
O que se esconde atrás dos montes.
Eu quero te dizer.
Quem fez o sol Também fez você.
Já é hora de pensar.
E não mais viver Só por viver.
Eu quero te falar.
Quem fez o céu Nos faz enxergar...
E o que com olhos não se vê...
Mas com o coração
Se pode entender”
Deixa que corra - Chimarruts


Vai dançar uma reguera com Bob no Reino de Jah. Fica na paz irmão.

5 comentários:

Carol Disegna disse...

abracinho, guri.

Anônimo disse...

Oh, cara, q merda, hein? Dá nada, sing for de laughter, sing for the tear... Aliás, essa música é do Aerosmith, sabia? Eminem só usa o sample. Se chama Dream On e é uma das minhas favoritas de todos os tempos. Dá uma escutada q é muito bonita pra lembrar do teu parça. Abraço.

Anônimo disse...

Aproveitando a deixa, temos Nietzche, aquele bom e velho alemão fudido de tão gênio que chega até ter em sua autobiografia um capítulo chamado "Porque sou tão inteligente" e outro que é "Porque sou tão sábio". Uma de suas melhores idéias é o princípio do eterno retorno. Escapando para a metafísica (não uma metafísica sobrenatural, é claro), ela traça o seu humano (e cada humano indivíduo-sujeito) como possuindo várias fases. Claro que a maioria não atravessa todas as fases, sendo que alguns são simplesmente indivíduo, nao sujeito. Sujeito é aquele cujo desejo não é totalmente alienado, ao contrário do apenas indivíduo, que deseja o que desejaria qualquer um em seu tempo e situação, sem maiores reflexões ou emoçoes. Bem, esse individuo-sujeito deve viver com esse mito do eterno retorno, que nos diz que a vida merece ser vivida como se qualquer momento fosse o tipo de vida que você vive agora. E, preste muita atenção, nao é auto-ajuda dizendo que você deve aproveitar cada segundo nem uma desculpa para se eximir das responsabilidades. É assumir a responsabilidade pelo que você é, pelo que deseja, pelos amigos que tem, até por sua saúde e pelo mundo no qual você vive - sem exageiros, claro, e sem se fixar em uma determinismo materialista ou religioso barato. Você é um produto?: não interessa. Existe um destino?: não importa. Você é esse sujeito e você comanda a sua vida, com suas virtudes, medos, necessidades, fracassos e sucessos. Assuma tudo e sinta o peso sair de suas costas. Peito aberto cara e viva como se você fosse repetir a sua vida atual para todo o sempre. E, aliás, nao se apegue a ela, pois você já tem as boas lembranças.
E dá...

Anônimo disse...

Fenômeno!
Lacan: "O Eu é um outro". A Alienação e a implicação da questão de "desejo de ser o desejo do Outro" demonstra que embora a experiência da psicanálise produza desejo, também faz saber no lugar da verdade e assim demonstra a finitude do sujeito (castração) e a sua alienação fundamental e constituinte. Pro Lacan, o desejo não é sem relação com o Outro, nunca. A passagem por uma psicanálise demonstra exatamente isto e não que o desejo pode ser "livre". Mas é um belo tema a ser discutido, só q por comment fica meio ruim de ser claro e dá espaço para não-entedimentos. Um abraço.

Anônimo disse...

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